pequeno laboratório científico

Acabo de ler que Joseph Beuys mantinha, em sua casa, nos anos 50, um pequeno laboratório científico. Foi no momento pós-guerra quando Beuys decidiu dedicar sua vida integralmente à prática artística, sem deixar de lado toda a bagagem acumulada, nos anos de infância e juventude, sobre zoologia e botânica. O que interessa, em realidade, é manter o conhecimento em seu estado de livre experimentação e simbiose entre sujeito e objeto. Esse é o laboratório do artista bem no que difere de um cientista dos fins do século XX. O trabalho em um laboratório artístico deve manter um grau de ingenuidade e limitação, aos olhos da ciência especializada; deve ser um laboratório que não se preencha de todas as informações técnicas possíveis, mas mantenha um espaço para a interação e fabulação livre, para a especulação. E ainda assim, apenas aqui, nada se fará valendo-se de “peças soltas” (Sloterdijke), mas de condições ambientais previamente encontradas, da matéria do real, da “escultura social”, segundo Beys.