junho 2021

quarta-feira, 30 de junho de 2021

Sobre o artigo “Ficção” de Catherine Gallegher.

Muito interessante recorrer à sua compreensão da gênese do conceito de romance: “histórias críveis que não tivessem a pretensão de serem tomadas por verdadeiras.”
às junho 30, 2021Nenhum comentário:  Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

sexta-feira, 25 de junho de 2021

READING MALLO…

“Abrí el gestor de mi blog, pegué ese texto y lo programé para que se hiciera público a las 4.10 pm del día siguiente” (p. 26 pdf) 

A narrativa ergue-se em registros de ações que correspondem com os próprios gestos escriturais do personagem narrador, tornando-se, portanto, um espaço-testemunho da elaboração de mundo em jogo. Escrever é compor o corpo da internet — o monstruoso cérebro que vaga pelo mundo —, é atestar a existência desse corpo. O romance, nesse sentido, torna-se uma plataforma onde o autor pode elaborar o seu próprio corpo no mundo, diferente do da internet, composto por uma vasta rede de conexões em expansão, mas sem nunca perder a consciência de que é um testemunho, uma escrita, uma narrativa ficcional “no” mundo. Estar no mundo, no caso de Mallo, implica levar em conta o corpo que escreve, bem como levar em conta os outros corpos sobre o qual se escreve. Mencionei a internet, mas também essa inscrição no mundo se dá nas geografias pelas quais o livro perpassa: a ilha, a praia, o parque. Escrever na ilha é tocar as suas pedras, escombros, cavernas e documentos. às junho 25, 2021Nenhum comentário:  Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

LETICIA SEKITO – FLUXOS em Preto&Branco

 SEKITO 

Ação — romance, 

Dança como ato de inscrever na caverna de contação de histórias/movimentos.

Giz de lousa, parede corpo. Escrever a narrativo do fluxo vital, palavra-matéria-movimento na parede do mundo — um grande quadro negro. 

Chão, parede, suor.

Desanestesia diante da poluição e automatismo de imagens em série. Mais informações »às junho 25, 2021Nenhum comentário:  Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

READING MALLO

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Pensar a corporeidade presente e latente na prosa de Mallo é algo que faz-se emergir na própria tessitura da trama. Penso, especificamente, como o autor se relaciona com as tecnologias: como elas interferem em linhas cruzadas no seu próprio pensamento — criam imagens e narrativas e sistemas de realidade reinventados nas palavras do escritor — e influem no modo com que o romance se constrói. 

A internet: como para beber alcohol, preferí la tónica sola. En un corro

aparte se hablaba de Internet; intervine para decir que a mi juicio la característica más importante de Internet es que es un ente que no tiene cuerpo, es, por así decirlo, un gigantesco cerebro que vaga por el planeta sin hallar la grasa, los músculos y los huesos que lo aten a tierra, y que en ese vagar proyecta toda clase de sombras, las cuales, paradójicamente, no provienen de cuerpo alguno, y de ahí la confusión que nos produce todo lo que tiene que ver con la Red: es un organismo primitivo, aún a medio hacer, se halla en un fase similar a los microorganismos que un día salieron del agua para millones de años más tarde dar lugar a los anfibios y más tarde a los humanos que hoy somos. 

às junho 25, 2021Nenhum comentário:  Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

Composição narrativa:

Imagino um livro feito de narrativas que se intercambiam e formam um romance-quase (em volta da dança). Essa ideia está abortada se for incluir o conto Hashigakari (2021, a ser publicado). A narrativa pede uma série de outras que executem um movimento dançante em torno de si. 

Pensando em narrativas breves, podemos imaginar algo como… Fragmentos em torno de uma ideia dos movimentos no escuro, título de livro do poeta português José Miguel Silva, que eu desconheço por completo, sei apenas que ele compôs poemas a partir de filmes. Mas eu penso mais em movimentos de dança no escuro, nos vãos densos e carregados de uma vida em derrelição. 

Fragmentos narrativos, variações, ensaios de dança? Monólogos. Analogias. Teorias. Talvez aí sim, então, caberia alguma coisa de juntar as peças para a obra final. Ou descobrir se o encontro com Liv é algo para uma narrativa única — se algo que deve existir de fato… 
às junho 25, 2021Nenhum comentário:  Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Fui para o posto de saúde com Oli,

 04/05

Fui para o posto de saúde com Oli, primeiro dia de realizações concretas em direção à mudança do corpo. Foi uma linda caminhada, espera de fila e diálogos, aina que eu estivesse estressado com as mil vozes mínimas dentro da minha cabeça. 

Lembro das gritarias que deram dentro do hospital — uma moça disse que aquilo tudo era uma grande palhaçada, e disse isso apontando para uma senhora com os seus setenta anos. Mas eu tenho um filho de 5 meses esperando com o meu marido em casa, todos somos preferenciais. Depois, uma moça que aparentava ter a nossa idade se aproximou da gente (quando decidimos sair e ir para a parte externa do posto de saúde) e perguntou se dava para ver a senha de onde estávamos. Fora Oli, não interagi com absolutamente ninguém. 

Caminhando nas ruas: dava pra ver todo o comércio que era achatado, baixinho, e como eram todos por dentro. Alguns deles nos chamaram a atenção, principalmente os relacionados a móveis antigos reformados. Da calçada, um senhor bem velho parecia estar reformando uma mesa, com esforços gigantescos que pareciam ser inúteis. A mesa parecia que ia ficar do jeito que estava por muito tempo ainda. 

Depois, vimos uma portinha com uma placa em cima escrito — especiarias nordestinas. Oli me perguntou se eu queria passar lá depois. Disse que não, qualquer entrada em algum desses comércios seria, pra mim, um vórtice de perdição improdutiva, o que deveria ser possível de acontecer apenas em dias de ócio, e logo me senti culpado por tudo isso, e duplamente culpado por meu trabalho central — o de uma escritor de romances — ser, como todos sabem, um tipo de ofício que é lento e extremamente ocioso, muito contrário de uma certa visão de Hemingway que muitos possuem, e mesmo ele, como tenho notícia de alguns que escreveram sobre sua personalidade, mesmo ele era um tipo de pessoa que, apesar da masculinidade militar, ele era uma pessoa que passava muitas horas para conseguir processar algum tipo de frase decente… O que eu quero dizer com decente? O risco no caderno, com seu lápis que apontava como um gesto ritualístico, era uma forma de passar o tempo em cafés e estar ali simplesmente dentro de uma enorme perda de tempo. Perder o tempo e ser disfuncional. Era tudo o que parecia reinar dentro daquela fila cuja regra era regida por um algoritmo indeterminável e esquivo. Segundo o seu jogo, segundo o que aparecia na tela, tínhamos todos reações específicas como se estivéssemos em um reality show de performance.
às junho 23, 2021Nenhum comentário:  Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

sábado, 19 de junho de 2021

caderno de citações

às junho 19, 2021Nenhum comentário:  Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

sexta-feira, 18 de junho de 2021

CROWD — LOW LIFE

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O filme, Low life, articula muito bem as pulsões advindas da coreografia multitudinal Crowd. São dois trabalhos elaborados em linguagens artísticas muito diversas. Dança contemporânea (o movimento do poema, como dizem críticos literários modernos), e o longa metragem (a prosa que equivale-se ao andar para algum lugar.) Mas alguma irrupção do corpo em festa depois do futuro; alucinações; música eletrônica; poemas fora de tempo; junk food; amor analógico e inominável; monólogos deslocados do lugar originário; exterioridade de subjetividades em choque; e um resto de mundo ou melhor, confluência de tudo e de todas as etnias; faz com que a antiga metrópole do mundo, Paris, seja palco para o tipo de manifestação interessante que pode sair dali em termos de últimas décadas: precisamente o que não é parisiense. Os versos e as reminiscências de um lirismo boêmio são ressuscitados na boca de uma espécie de pequeno e ridículo rimbauzinho, um dos personagens, cujas palavras são conectadas ao mundo de forma desconexa, sem o sentimentalismo e sem o sofrimento moderno e ocidental. O embate com a polícia torna-se um gesto natural e inevitável. Uma quantidade infinda de pessoas em seus movimentos vetorizados para um cotidiano a se fazer, ali, no turbilhão. São corpos da crise do projeto de república democrática eurocêntrica, mas são o extremo oposto a corpos em crise. 

A dança capta essa essência multitudinal, de corpos efervescentes a se fazer nos restos, na suspensão do ritmo temporal calculado pelo neoliberalismo. Não sendo “crescimento”, não sintetizando transformações moralistas na trajetória dos heróis, pode mesmo ser considerado um regresso a alguma coisa do pré. Em Crowd, a coreografia da multidão de corpos dançantes em um parque público (ou uma ou praça, ou uma rua de bairro caótico, não se sabe muito bem sobre o espaço), em consonância com a sonoplastia eletrônica (faz parte da peça a performance fenomenal de algum DJ escondido), traz ao interior

CROWD (Gisèle Vienne)https://www.youtube.com/embed/k1wbdu9xTN0
https://www.youtube.com/embed/WuL15OT2PJg

LOW LIFE (Nicolas Klotz) https://www.youtube.com/embed/oiZCX-oq_mk
às junho 18, 2021Nenhum comentário:  Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

segunda-feira, 14 de junho de 2021

criaturaz

às junho 14, 2021Nenhum comentário:  Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

domingo, 13 de junho de 2021

novo escritório zen

às junho 13, 2021Nenhum comentário:  Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

sexta-feira, 11 de junho de 2021

“O hábito não teve tempo ainda”

Quando o hábito não teve tempo ainda, a pessoa está em uma ambiência pantanosa, no mangue, está no lugar novo onde nada se consolidou aos seus olhos, mas a palavra não é “amorfo” ou “desfigurado”. Pois alguma forma de vida – um verdadeiro bicho vivo que é esse pântano – evidencia-se. O susto vem daí, de ser jogado no lugar onde não há hábito e não houve “tempo suficiente” (cheguei tarde demais?) – constatação de que “tudo corre bem, desde há muito.” às junho 11, 2021Nenhum comentário:  Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

li mais uma novela de César Aira

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Li mais uma novela de Aira (Dinner) e cada vez mais fica evidenciado os seus princípios de composição: escrita contínua e atenta, cheia de reviravoltas, tudo é implicado como fator real e incorrigível. Ele usa a narrativa como uma desculpa para escrever poesia, revoltas da imaginação, viagens e turbilhões explosivos e labirínticos; ele usa a narrativa para evidenciar algumas de suas teorias sobre a vida: o mercado e a criatividade; a economia; a loucura; o espírito humano diante da modernidade… 
às junho 11, 2021Nenhum comentário:  Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

sexta-feira, 4 de junho de 2021

sobre a ideia da narrativa HASHIGAKARI (a ser publicada em breve na revista Peixe Boi)

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Uma imagem para estes últimos dias do começo de 2021, que corresponde ao de um escritor dançarino. Vou escrever sempre para elaborar a dança iminente, a dança futura e em progresso. Dessa forma, vou executar ao final de minha vida uma dança que sintetize todos os projetos, ações, disparadores, proposições, ritmos, movimentos, elucubrações, tatos, sons, teorias e ficções acumuladas em alguns anos de escrita. 

A minha vida se resumiria a esse grande performance da última dança. Mas para ela acontecer, um investimento energético e sem fim de linguagem deve sempre estar se alimentando. 

Nesse sentido, acredito que Hijikata Tatsumi concentra muito bem esse movimento como um vetor e fonte de vitalidade biográfica. Posso inclusive pensar que a minha própria vida é o inverso à dele: um dançarino que dança e busca sempre as palavras possíveis para os movimentos da carne, até o ponto em que a escrita vira uma dança pura, um movimento do estar aí, no mundo, como linguagem-carne. Sua última obra, Yameru Maihime (Dançarina Doente), foi um romance sobre a linguagem em movimento, a linguagem em estado infantil, dançante, selvagem. Caminho para atingir esse lugar ao avesso. 
às junho 04, 2021Nenhum comentário:  Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Hijikata Tatsumi (movimento narrativo)

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Hijikata Tatsumi representa uma pulsão vital de que nos conectamos instantaneamente assim que passamos a habitar as suas formas de habitar o mundo. Sinto estar ali uma presença de significação e potência de gesto muito influente à minha vida. 

A relação captada entre linguagem e corpo, palavra e dança, faz elaborar um fluxo semiótico que evidencia o ciclo retroalimentado entre escrita e dança, narrativa e ativação corpórea. Atingir essas narrativas da infância/velhice seria precisamente atingir um certo estado corpóreo. Paradoxalmente, o jogo que possibilita essa retroalimentação, esse reenvio de fluxos de corpo-linguagem, é a impossibilidade de se coincidirem. Uma textualidade deve apresentar-se como um arranjo fabular, uma composição oxímora possibilitada pela virtualidade da demora da língua escrita de que a dança pode apenas sonhar. A dança que erra em busca das palavras em vórtice. O gesto de escrita, entretanto, trapaceia frente à dança, com fingimentos, arranjos sonoros, palavras precisas e combinações artificiosas, em vão almejando a desarticulação real do corpo em cena, da revolta da carne. 

Ao vislumbrarmos essas duas frustrações, ou conquistas ingênuas, aproximamo-nos de alguma pulsão que movimenta o gesto performático na escrita ou no teatro. 

às junho 02, 2021Nenhum comentário:  Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

terça-feira, 1 de junho de 2021

Texturas de uma forma de vida presente

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Uma cidade, um país, um local onde as pessoas vão, como se fosse um paraíso, ou não, a cidade própria, ou a ideia do que era antes a vida. Ali, bem nesse meio, silencioso e carnavalesco, um corpo, um fluxo de sensações que capta a enormidade da vida. 

Acho que essa é uma imagem curiosa, espaços utópicos, cidades delirantes, desenfreadas, des referencializadas e dessincrônicas, heterotópicas. Uma cidade tarkovsky. Como chegar lá e pegar a coisa no meio, se desfalecendo e propondo o pulo ao exterior. 

Uma ida argonáutica? — algo assim? 

Pulsões que se alimentam de fluidos.