quinta-feira, 27 de maio de 2021
essa forma aberta e dispersa de me relacionar com as coisas – livros amontoadas na mesa, cinzeiro, roupas espalhadas pela sala mínima, objetos ilogicamente dispostos, sem muito empenho afetivo – é o mesmo descaso com o meu selfie. (…) E a escrita não tem nada de teoria, a escrita é um impulso que deve ser acionado pela necessidade de estar vivo. E assim eu poderia querer apenas viver mais, do meu único e preciso jeito, para então ter mais e mais necessidade de rabiscar a pedra, as tábuas do mundo, os suportes que esperam ser rasurados.
Um misto de mal estar e gozo é o que eu sinto quando saio pra fora e me deparo com a população e a pessoa que eu passo muito tempo junto, ali no meio, depois de estarmos enclausurados por horas a fio em uma habitação mínima e suspensa.
Eu me pego nesse ponto cego de enunciação.
Percebo que as minhas palavras fonéticas estão descoladas (saudavelmente?) de quem eu me habituei a ser nesses lugares confinados.