… no caso de Damián Tabarovsky — um narrador homem incrédulo com o fato de ter se casado com uma cachorra. Ele, um sociólogo, homem comum e medíocre, em crise, cometeu a barbárie de ter se casado com uma cadela. Como proceder então? Vemos que a questão central aí é o reconhecimento de ter-se encontrado em um estado absolutamente medíocre e sem explicação: um fundo de poço. É um sentimento bastante comum. Um fundo, um beco, uma queda ao breu infindo da humanidade. A reviravolta está do outro lado da ponte, do outro lado da vida animal. A cadela que ganha voz ao final da narrativa, ou simplesmente vira uma intrusa do texto, irrompendo e torcendo a linguagem a uma prosa livre e devastadora. Uma arrebentação dos ares à narração que sai do papel, muito viva.